quarta-feira, março 30, 2005

A minha "pocanina"


A Diana tem 1 ano e meio e é um amorzinho brincalhão, daqueles que chegam a ser melgas peganhentas que nunca nos largam e que são verdadeiras sombrinhas. Se soubesse que ainda não tinha falado dela, já me tinha rosnado....
Sabem quando chegamos a casa cansados e aproveitamos uns 15 minutos todos os dias para pegar na nininha, na trela, vestir uma roupa prática e caminhar a pé, deixando para trás de nós os problemas e descontraindo a mente com aquele aroma de fim de tarde a bater na cara, pensando naqueles bons momentos que marcaram o dia ou a semana? Que prazer que é.
A minha “Pocanina”, como lhe chamamos cá em casa a par de mais meia dúzia de nomes carinhosos, foi uma paixão minha à primeira vista. Veio para casa numa altura em que sabia que mais dia, menos dia, ia ficar sem o Fred. E aconteceu passados 4 meses. Nesse dia, 31 de Janeiro, chorei todo o santo dia, mas tive o consolo desta menina que me ia lambendo as lágrimas.

segunda-feira, março 28, 2005

Encontros

Naqueles devaneios de alma... há alguns tempos atrás


(Rogério Lemos, "Lá fora") (autor desconhecido)

Uma troca de palavras
Quando os olhos se cruzam
Na finitude do tempo...

Lá fora uma tempestade...
Cá dentro um sol que brilha radiante
Como os teus olhos

As palavras meigas
O desejo de dois corpos juntos
Um entrelaçar de mãos
Segredar ao ouvido Amor
Um leve beijo inocente
Uma cumplicidade
O vislumbre do mar num entardecer pintado de raios solares
Uma flor silvestre colhida ali ao lado

domingo, março 27, 2005

As Palavras

apetece-me citar Eugénio de Andrade

(Júlio Viena, "Dark garden")

São como um cristal,
as palavras
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.

Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.

Desamparadas, inocentes,
leves
tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.

Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?

Coração do dia, 1958

sábado, março 26, 2005

Aos meus pais

Foi com todo o carinho e emoção que talvez tenha feito a melhor dedicatória escrita aos meus pais, com toda a simplicidade embutida nas suas palavras. Aquela fita branca que vêem na fotografia foi lida muito emocionadamente a eles, corria o dia 18 de Maio de 2002. Um lindo dia de sol, por sinal. Toda a alegria transportada para mim naquele dia foi qualquer coisa de mágico.
22 anos já se passaram. Parece que ainda foi ontem que ia almoçar a casa, depois de chegar da Escola Primária e lá estava a minha mãe preocupada com a chuva, sempre indo ao meu encontro. Antes mesmo, lembro-me de andar a brincar no jardim e mal via alguma vizinha escondia-me, de tão tímida que era.
Fui crescendo, sem que eles dessem por isso. Ainda me lembro do dia em que me apareceu a menstruação e todas as explicações da minha mãe. Ainda me lembro dos Domingos de manhã quando o meu pai me levava à praia e das partidas a jogar raquetes.
Quando comecei a sair à noite, lá ficava a mãe galinha preocupada com a filha, a ponto de ligar o despertador para estar acordada quando chegasse. Já em pequena, muitas noites em vão passava ao meu lado quando estava doente.
No momento decisivo de continuar os meus estudos, o pai e a mãe sempre me deram o seu apoio, empenhando-se a ponto de fazer todos os esforços para agora chegar ao fim desta etapa importante na minha vida.
A calma do meu pai herdei-a, mas também a tagarelice da minha mãe. Deles herdei a determinação para avançar mais longe e esta tem norteado todo o meu percurso de vida.

Aos meus queridos pais pelas noites que passaram sem dormir, pelas vontades que sempre satisfizeram e por tudo o que sou hoje.

Começou a Primavera


Da minha janela vejo-te, ó flor
És a mais bela flor de árvore de fruto
Cresceste ao ritmo natural das coisas
Não te plantei, nem reguei.
Já olhava o teu tronco antes de cresceres
Sonhava que pudesses vingar mesmo apesar das contrariedades do tempo.
Vejo-se agora esbelta
Esperançosa na tua capacidade de gerar o fruto
Esperança por vezes vã….
Aos poucos as tuas pétalas vão caindo por força das águas
Sei que não podes ficar sempre a enfeitar a minha janela com os teus tons rosa e branco
Terás de dar fruto, aquele que desejo saborear
Ou talvez não dês…
Tu, minha flor de Primavera,
Talvez não tenhas forças para resistir às adversidades
Valerá a pena alimentar-te?
Antes fosses uma flor do campo para cresceres selvaticamente
E exalares a minha janela com o teu perfume!
Antes fosses uma flor do meu jardim
Para eu poder cuidar, te dar água a todas as horas!
De nada vale, não…
Tu és uma de muitas da árvore a sucumbir ou a sobreviver, quem sabe, à vontade da natureza.
Tens o teu tempo,
Aquele de apenas florir e embelezar a paisagem….
Acordo! E o que vejo?
Uma árvore com mais troncos do que flores….
Onde estás, onde?
Serás apenas uma flor sem frutos?
De nada valem as palavras, ó tempo poderoso!

Uma escapadela

´

A aurora florescia adivinhando um ilusório dia de sol.
Chegámos ao nosso destino imaginando umas belas férias em clima paradisíaco. A temperatura estava amena, mas no ar pairava o cheiro a terra molhada. Um vaivém de nuvens pairava no céu. Será chuva, será vento….. que interessa: será gente.
Frustração talvez! O mais importante, todavia, era o convívio reinante.
Um gigantesco raio de sol satisfez as negras esperanças. Partimos com a dor da despedida de umas férias, afinal, bem merecidas e vividas, no meio de tanto trabalho na Lisboa universitária.
Para trás fica um mar de recordações tão claras como a água do Oceano. Juntamo-las àquelas que a memória não esquece.

Albufeira, 1 Maio 2000

sexta-feira, março 25, 2005

Um instante



Para começar, escolhi umas breves palavras que guardo num pedaço de papel desde 2000, embora este pequeno pedaço já tenha sido algumas vezes rassurado, pela necessidade de alterar o texto original. Apelam à memória do meu avô Jacinto. Não são mais do que a observação transcrita para o papel da observação da natureza. Pretendi dar um sentido musicado ao fluir da escrita e à melodia das palavras. O sentir o palpitar de algo que está a nascer é sempre uma experiência fascinante. Nada mais a propósito.

Passado um dia de chuva, quando a noite está prestes a nascer, espreita por entre as nuvens um tímido pôr-do-sol.
É o momento propício para o canto das cigarras que, por entre as molhadas folhas das plantas, espreitam a fim de aproveitar desejosamente o efémero instante solar.
É o nascer de um novo mundo que morria até então no meio das incontroladas águas que caem sobre a folhagem. Os pássaros chilreiam alegremente; inesperadamente andorinhas percorrem os céus de tons escuros; nos montes longínquos flores coloridas perfumam a paisagem.
A noite aproxima-se e com ela um amontoar de ruídos que perfura o silêncio das noites. A agitação de uma noite de luar adivinha, assim, a aurora de um belo dia de sol e de uma nova era.
Termina mais uma das muitas histórias que o meu avô contava nas tardes em que o pôr-do-sol traz à planície o canto das cigarras e o cheiro a terra molhada.

20 Abril 2000

quinta-feira, março 24, 2005

Para quando nos dá aquela vontade avassaladora de escrever



Portanto, aqui vou eu pintar as minhas metáforas com letras de todos os feitios e cores, conforme os meus estados de espírito. Que me desculpem os grandes poetas se o verso é imperfeito ou se a composição é de pouca monta, mas por vezes a sensibilidade extravasa os limites do acto da escrita e quando nos damos conta já a imaginaçao vem como um cavalo galopante.
É para quando surge aquela vontade de escrever que este Blogue vai servir. Aqui ficará registado um pouco de mim!
Bem-vindos amigos!