apetece-me citar Eugénio de Andrade
(Júlio Viena, "Dark garden")
São como um cristal,
as palavras
Algumas, um punhal,
um incêndio.
Outras,
orvalho apenas.
Secretas vêm, cheias de memória.
Inseguras navegam:
barcos ou beijos,
as águas estremecem.
Desamparadas, inocentes,
leves
tecidas são de luz
e são a noite.
E mesmo pálidas
verdes paraísos lembram ainda.
Quem as escuta? Quem
as recolhe, assim,
cruéis, desfeitas,
nas suas conchas puras?
Coração do dia, 1958
Golfinho salvo por bombeiros em Peniche
Há 15 anos
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